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PONTO DE AMARRAÇÃO

  • Foto do escritor: Nei Damo
    Nei Damo
  • 7 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

História 04 da série Humor no Trecho

Um projeto de implantação de uma rodovia consta de quatro grossos volumes, e estes volumes tem um total de sete anexos. É um trabalho e tanto, com muitos profissionais envolvidos.

Para o início dos serviços, a primeira equipe que chega a campo é a equipe da topografia. Ela tem a função inicial de marcar o eixo da rodovia com seus aterros e cortes, enquanto que, paralelamente, um geólogo estuda a região buscando uma pedreira com qualidade e volume para os serviços de pavimentação, se não existir alguma pedreira comercial por perto.

Aprovada a pedreira, a mesma tem que ser desenhada e descrita num dos volumes, de modo que a empreiteira que ganhar a licitação, de posse dos dados, possa encontrá-la.

Atualmente, bastam as coordenadas dos vértices da área, facilmente obtidas por um bom GPS para definir no papel a sua localização. Antes do advento dos satélites, a marcação era feita por caminhamento, onde um topógrafo, partindo de um vértice, ia marcando distância e ângulo, numa sequência de segmentos, até relacionar um último segmento a uma estaca do eixo. Assim, lançados estes dados no projeto, qualquer topógrafo, anos depois, partindo da estaca escolhida, era capaz de achar exatamente a área da pedreira, fazendo o caminhamento inverso. Esta estaca especial levava o nome de Ponto de Amarração.

São Pontos de Amarração, além das estacas do eixo, os vértices de uma área onde se localiza um cemitério, ou uma igreja, ou uma ponte, por exemplo.

Num determinado projeto de rodovia aconteceu do geólogo identificar uma pedreira antes da marcação do eixo, e com isto o topógrafo teve que ir atrás de um Ponto de Amarração. A próxima localidade ficava longe e então ele descartou prefeitura, igreja e cemitério. Examinando o projeto, viu que não havia confluência de córregos, que definiriam um ponto conhecido.

A situação de localizar um Ponto de Amarração por perto estava difícil e, outros serviços o estavam esperando noutra localidade.

Pensativo, sentou-se num toco de árvore e matutou:

— Acho que aquela “coisa” na curva daquele pinheiro seco serve. Aquilo não vai se mudar dali tão cedo. Pego uma parede, estico uns dois metros, finco uma estaca e boto um prego no seu topo. Deixo a estaca ao rés do chão, para que nenhum bêbado tropece e a arranque, e está pronto o Ponto de Amarração. Perfeito!

Na história do rodoviarismo brasileiro, talvez tenha sido a primeira vez que um Ponto de Amarração, tão fora dos padrões usuais, esteja impresso num dos grossos volumes de um projeto de rodovia:

“Ponto de Amarração da Pedreira P1: extensão em 2,08 metros da parede leste, sentido norte, estaca com prego no topo, lado da entrada da boate Rose Drink’s”.

 
 
 

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